Como já tínhamos ido ao Brasil em julho, decidimos passar Reveillon e férias de fim de ano em um lugar que não conhecíamos: Sicília. Foram duas semanas percorrendo a ilha e como sempre não deu para conhecer tudo, mas MUITA coisa!
E só não conseguimos fazer mais porque durante quatro dias o tempo não colaborou nada. Só para dar uma idéia, em Palermo, que não nevava há 5 anos, caiu uma tempestade de neve e gelo no dia 31 de dezembro que paralisou a cidade e a única coisa a fazer era… comer. E a Sicília é o lugar perfeito para isso. Durante as duas semanas que estivemos só não gostamos de UM restaurante (nenhum prato se salvava, nem a sobremesa) e de UMA comida típica que consistia num sanduíche de baço que Gonzalo insistiu muito em provar (sem saber o que era of course…).

A cozinha siciliana é única: ela mescla o melhor da cozinha italiana com a cozinha árabe. Um prato super apreciado na zona é o Couscous com peixe.
Para tentar ilustrar algumas outras particularidades vou dar alguns exemplos que nos próximos posts entrarei em mais detalhes:
- O pistache é amplamente usado tanto nos doces (super famosos) como em pratos principais. Tudo tem pistache: antipasto, primeiro, segundo, sobremesa e, claro, sorvete. E pior que combina com tudo.
- Os pratos tradicionais como a Pasta alla norma e a Pasta com le sarde são pratos super simples, mas deliciosos. A Pasta alla norma foi um dos nossos preferidos. Provamos vários, o melhor em Taormina.

- O cibo di strada (street food) é um clássico nas cidades como Palermo e Catania, todo mundo adora. Os arancini talvez sejam os mais populares: tem uma forma de super coxinha de galinha mas por dentro é arroz com algum recheio. É como comer uma croqueta gigante de risotto. Comemos alguns maravilhosos, mas o melhor foi em Siracusa.

- Peixes e frutos do mar são protagonistas de muitos pratos. Sempre frescos. Acompanhados com um pesto, não tem erro. Um dos meus pratos preferidos de pesto com marisco foi num restaurante super escondido, em Palermo.

- A ricotta é um dos ingredientes principais da região. Só que mais utilizada nos doces. Basta pensar no cannolo ou na cassata siciliana. Em Cefalù comemos o melhor cannolo da ilha.

- Sem falar no Panettone Fiasconaro, um panettone maravilhoso produzido em Castelbuono (e olhe que eu ODEIO panettone…). é tao bom que já foi até para o espaço (é verdade, já pesquisei).

Em quase todos os lugares se come bem, independente do nível de sofisticação do restaurante. No dia 31 de Dezembro, no meio da nevasca, já fora do horário de almoço (em geral entre 13:30hs e 15:30hs) entramos num restaurante-bar chamado La Dolce Vita, que foi uma ótima surpresa. É um desse lugares onde te servem a bebida em copo descartável, não tem nem cardápio, mas o atendimento é excelente e comida além de deliciosa é super barata.
Ali comemos a melhor Caponata da viagem. A Caponata é um prato típico siciliano que consiste em beringela salteada num refogado de tomate e cebola em azeite. A princípio achávamos estranho porque é um prato frio, mas a verdade é que bem feita é uma delicia.

O Spaghetti Aglio, Olio e Peperoncino também estava delicioso apesar de ser outro prato bastante simples.

E por último, provamos o peixe recomendado. Mais fresco, impossível.

À noite, para o jantar de Reveillon eu já tinha reservado uma mesa no Ristorante L’Ottava Nota há meses. Com certeza foi o restaurante mais sofisticado da viagem, com um menu bem largo e de autor, sem fugir de algumas tradições sicilianas. E o melhor: com música brasileira ao vivo. Assim, nossa virada, apesar de longe de casa e num frio horrível, foi ao som de Vou Festejar e País Tropical.
Nosso menu degustação começou com um aperitivo de boas-vindas: Gambero rosso di Mazara con peperoncini verdi dolci e stracciatella di bufala (Camarão vermelho, pimento verde doce e queijo stracciatella di bufala).

A primeira entrada foi uma Bruschetta di Foie Gras, acciughe del cantabrico, mele e spuma di caprino girgentano (Bruschetta Foie Gras, anchovas do Cantábrico, maçãs e espuma de queijo de cabra). Uma combinação que jamais pensaria que desse certo.

A segunda foi um Cracker di caviale e frutto della passione (Cracker de caviar e maracujá). Delícia.

Nos serviram dois pratos de pasta (primi). O primeiro foi um Ravioli farciti di latte su porri, tartufo nero e ricci di mare (Ravioli recheado com leite de alho-poró, trufas negras e ouriços do mar). Um dos melhores na minha opinião.

O segundo foi um Risotto ai ciuffi di acciuga, melagrana e polvere di caffè (Risotto com anchova, romã e pó de café). Esse também foi um dos melhores da noite.

Seguimos com um prato de peixe: Quadrotti di ricciola scottati, macco di fave e spuma di finocchietto (Peixe, creme de feijão verde e espuma de erva-doce). O peixe excelente!

O prato principal foi uma tradição italiana de Capodanno (Reveillon): Cotechino e lenticchie (salsicha e lentilha). Eu acho a salsicha muito forte, mas as lentilhas davam uma suavizada.

E de sobremesa outra tradição italiana: Panettoncino su crema di vaniglia (mini-panettone em creme de baunilha). De todos, o prato que menos gostei porque não gosto de panettone, com exceção do Fiasconaro, que conheci também nessa viagem.

Nossa escolha de restaurante para a virada não poderia ter sido melhor. Jantar excelente, vinho bom, muito prosecco e um ambiente super animado. Foi o restaurante que mais gostei em Palermo, mas é um lugar para um jantar mais especial, como a última noite na cidade.
Nos próximos dias vou contando pouco a pouco todos os lugares incríveis que descobrimos nessa viagem e dicas práticas de alojamento, transporte, o que visitar, viajar com criança, e obviamente, restaurantes pela ilha. Juntando toda a informação dá para ter um bom guia da Sicília!
La Dolce Vita
Via Giuseppe Giusti, 17 (Piazza Sant’Onofrio) – Palermo
Média de Preço: 15 €/pessoa
Ristorante L’Ottava Nota
Via Butera, 55 – Palermo
Média de Preço: 45-50 €/pessoa. O menu degustaçao do Reveillon custou 100 €/pessoa com toda a bebida incluída.
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